quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Tipologia de Museus - Ecomuseus



UMA NOVA MUSEOLOGIA: Os Ecomuseus




Este trabalho foi desenvolvido em Novembro de 2013 como critérios 
de avaliação parcial na disciplina Tipologia de Museus, ofertada no 
Curso de Museologia pela Escola de Ciência da Informação (ECI), 
na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ministrada pelo
Profº Luiz Henrique Garcia.


grupo: Allyson, Camila Mafalda, Kelvin, Leonardo, Morgana Bernardes, Pauline

Muitos questionamentos surgem em torno da proposta dos ecomuseus. Por se tratar de uma expressão da Nova Museologia – termo que surgiu no início dos anos 1980, designando um sistema de valores que retrata a mudança prática do papel social do museu - que caracteriza estudos recentes, os ecomuseus recebem críticas e interpretações distorcidas, assim como precisa de constantes reflexões para enfrentar seus desafios.
Geralmente estes museus são associados apenas a questão ambiental devido ao prefixo eco. No entanto, sua proposta vai além deste caráter ecológico, englobando as relações humanas e sociais – sobretudo da comunidade em que está inserido. Intimamente ligado a concepção de museu integral instituída na Mesa Redonda de Santiago do Chile em 1972, onde o papel social do museu foi repensado e a sociedade passou a ser o objeto de estudo e o sentido de patrimônio foi ampliado, englobam o patrimônio total[1] (entendido como total por agregar os aspectos imateriais e subjetivos como a paisagem e a memória coletiva). Assim, são ainda uma expressão da Nova Museologia ligados, sobretudo as reflexões acercadadessacralização dos museus e seus acervos, ressaltando por as questões de socialização e envolvimento com as comunidades.
A primeira geração destes ecomuseus de fato tem suas raízes entrelaçadas a outras inciativas como os museus a céu aberto escandinavos e os parques regionais expressivos na França, e nos Estados Unidos, eram ligados a preservação do meio ambiente. No entanto, as expressões que ressaltam o papel social tornaram-se mais evidentes durante a segunda geração, marcados pelo exemplo de Creusot-Montceau-Les Mines. Conheça a proposta deste museu, o primeiro ecomuseu instituído na área industrial em: LINK 1
Alvo das criticas, por ser uma concepção muito ampla e se desenvolver conforme as características de seu território, era considerado uma proposta de desenvolvimento sem critérios. Na tentativa de criar um direcionamento para estas muitas propostas de ecomuseus que eclodiram pelo mundo, Rivieré (FIGURA 1)– um dos conceptores desta tipologia, diretor do ICOM durante alguns anos. – em 1983 elaborou uma definição evolutiva que intitulava o Ecomuseu como um “instrumento que um poder e uma população concebem, fabricam e exploram juntos. O poder, com os especialistas, as facilidades e os recursos que fornece. A população, segundo suas aspirações, seus saberes, sua capacidade de análise”.
Cabe ressaltar nesta definição a relação com o poder, envolvendo o poder de conhecimento científico. Assim surgem outros direcionamentos de preceitos para o desenvolvimento destes museus, como a fórmula ideal, proposta pelo mesmo estudioso, onde três comitês trabalham conjuntamente para formação do ecomuseu: o de gestão (administradores municipais), o científico (acadêmicos e estudiosos) e de usuários (comunidade envolvida). Percebe-se que ainda que por mais que a concepção esteja ligada ao desenvolvimento da comunidade, há uma relação de dependência do poder, tanto político como intelectual para que a proposta seja mais bem desenvolvida. Esta proposta exige ainda, uma interdisciplinaridade acarretando a mudança no papel do museólogo – que passa a ser catalisador de ideias ao invés de detentor do conhecimento, este deve então, fomentar a ideia e aos poucos se distanciar da população deixando que a mesma trabalhe.
É um museu sem acervo?                   
O desconhecimento sobre a concepção deste tipo de museu gera questionamentos como este. Não, o ecomuseu não é um museu sem acervo, nem se opõe completamente ao mesmo. O que ocorre é uma mudança na concepção de objeto de estudo – acompanhando a tendência de dessacralização que a nova museologia prega – onde a cultura dominante é elevada ao estatuto de cultura oficial. Neste ‘novo museu’ a ênfase é dada ao território, ao patrimônio e a comunidade em vez do prédio institucional, a coleção e aos visitantes. Barbuy afirma em A conformação dos Ecomuseus: elementos para Compreensão e análise[2], que o verdadeiro patrimônio desta tipologia de museus é a memória coletiva que reforça uma identidade cultura. Tentando, portanto, assegurar os saberes e fazeres – englobando assim aspectos materiais e imateriais.
Há estruturas que não possuem acervo. É o caso dos centros de interpretação – como são chamados no Canadá – onde sua função é organizar exposições pedagógicas. Nestes não existe nestes um compromisso com a produção de informações acerca de acervos, são instrumentos didáticos. São exemplos destas estruturas, o Centro de Interpretação do Porto e o Centro de Interpretação da Cidade, em Québec no Canadá.
Utopia ou realidade?
Dentre as principais críticas que os ecomuseus recebem, está relacionada com o seu caráter utópico. Isso ocorre devido a carga teórica que vem sido trabalhada em oposição a práticas que encontram dificuldades para exercer esta teoria. Há dentro deste pressuposto, a discussão sobre as reconstituições museológicas que criam a representação da realidade por meio das técnicas museológicas, realizadas nestes museus. Recebem afirmações que tangem a artificialidade destes espaços bem como uma falsa representação do real.
No entanto, cabe ressaltar que o ecomuseu bem como a nova museologia estão em constante transformação, sobretudo por se tratar de estudos muito recentes. Apesar das contradições presentes na concepção e prática destes museus é importante enxerga-los como uma proposta de melhoria e ampliação da museologia, sendo no mínimo interessante acompanhar suas evoluções para um caminho diferente dentro desta ciência social aplicada. 


Referências Bibliográficas
BARBUY, Heloísa. A conformação dos ecomuseus: elementos para compreensão e análise. Anais do Museu Paulista. São Paulo. N. Ser. v.3 p.209.236 jan./dez. 1995. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/anaismp/v3n1/a19v3n1.pdf>
RIVIERE, Georges Henri. La museologia: curso de museologia / textos y testimonios. Madrid: Akal, 1993 533 p.
SOARES, Bruno César Brulon. Entendendo o Ecomuseu: Uma nova forma de pensar a Museologia.Revista Eletrônico Jovem Museologia – Estudos sobre Museus, Museologia e Patrimônio. Ano 01, n°2, agosto de 2006.
VARINE, Hugues de. O Ecomuseu. Ciências e Letras: Revista da Faculdade Porto Alegrense de Educação, Ciências e Letras, Porto Alegre , n. 27, p.61-90, jan. 2000.


[1]Bellaigue, Mathilde. 1993:75 apput BARBUY, Heloísa. A conformação dos ecomuseus: elementos para compreensão e análise. Anais do Museu Paulista. São Paulo. N. Ser. v.3 p.209.236 jan./dez. 1995. P.211
[2]Querrien (1982: 62-63) citado porBARBUY, Heloisa. A conformação dos ecomuseus: elementos para compreensão e análise. Anais do Museu Paulista. São Paulo. N. Ser. v.3 p.209.236 jan./dez. 1995. P. 220

Nenhum comentário:

Postar um comentário